Meu caros leitores,
Como é de conhecimento público, sou concludente do curso de pós-graduação em Farmacologia pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Sendo assim, após longos anos de estudos, experimentos e produção esse ciclo chega ao seu fim, sendo consagrado com a defesa da minha tese.
Diante deste cenário, gostaria de convidar a todos que me acompanham para celebrar comigo este momento. A minha apresentação será dia 30 de julho (terça-feira próxima) às 09:00h da manhã (horário de Brasília) e será feita de forma remota. Logo, você poderá assistir do conforto da sua casa.
O título da minha tese é: Avaliação dos efeitos antidepressivos e citoprotetores da Riparina IV em camundongos C57BL/6 submetidos ao modelo de neuroinflamação induzido por lipopolissacarídeo de Escherichia coli.
Segue abaixo o resumo da mesma para você ter uma prévia do que o aguarda na apresentação.
A depressão é um dos transtornos psiquiátricos mais comuns e recorrentes, podendo debilitar de forma grave o paciente. É clinicamente caracterizada por humor deprimido e prolongado, podendo ser acompanhada de baixa autoestima, dor, distúrbios do sono ou do apetite e ideações suicidas. Evidências sugerem um papel importante da neuroinflamação na etiologia e progressão deste transtorno, e neste contexto, os astrócitos desempenham uma função fundamental. Estas células possuem receptores Toll-Like Receptor 4 (TLR4) que quando sensibilizados ao Lipopolissacarídeo (LPS) desencadeiam uma cascata inflamatória com auxílio da proteína MD-2, levando a liberação de citocinas pró-inflamatórias resultando em um quadro neuroinflamatório. Considerando a importância da busca por novos alvos terapêuticos para o tratamento da depressão, este trabalho investiga o papel da Riparina IV (RIP IV), substância que já demonstrou possuir diversas atividades, dentre elas anti-inflamatória e antidepressiva em modelos animais. O presente trabalho tem por objetivo avaliar os possíveis efeitos da RIP IV na depressão frente a cascata neuroinflamatória desencadeada pelo LPS em animais, utilizando como alvo o complexo TRL4/MD-2. Os experimentos foram conduzidos em camundongos machos da linhagem C57BL/6 submetidos à administração sistêmica de LPS (0,5mg/kg) durante 10 dias, e tratados a partir do 5º dia com RIP IV (50mg/kg), salina (0,9%), escitalopram (10mg/kg). Testes in silico (dockagem molecular), in vivo (comportamentais) e in vitro (viabilidade celular e citotoxicidade) com astrócitos foram executados. Os resultados mostram que RIP IV apresentou afinidade de encaixe na porção MD-2, semelhante ao antagonista Eritoran (ERI), indicando uma possível ligação entre ela e o complexo MD-2. A RIP IV mostrou atividade antidepressiva símile nos testes do nado forçado, preferência pela sacarose e splash e atividade ansiolítica no teste do plus maze e campo aberto nos animais previamente submetidos ao tratamento com LPS. Não foram observadas alterações relevantes nos testes da placa perfurada, e y maze. Nos testes in vitro, foram feitos estudos de citotoxicidade da RIP IV, sendo selecionadas três concentrações após o teste do MTT: 15,62µM, 7, 81µM e 3,90µM. Na avaliação da morte celular, foi evidente o processo necrótico causado pelo LPS e o efeito citoproteror da RIP IV. Com base nos efeitos citoprotetor e antidepressivo-símile demonstrado além da possibilidade de encaixe semelhante com um antagonista MD-2, a RIP IV parece ser uma molécula relevante e estudos futuros podem culminar na disponibilidade de uma nova alternativa terapêutica para o transtorno depressivo maior.
O evento será inteiro remoto, podendo ser acessado pelo link abaixo do Google Meet:
Deixo aqui registrado o meu mais profundo agradecimento a todos que me ajudaram de alguma forma a construir este texto. Essa pesquisa não foi feita só por uma pessoa, mas pela soma de esforços de muitos que me apoiaram, de professores pacientes e prestativos e de uma orientação impecável. Tive/tenho muita sorte de ter encontrado, durante a minha jornada acadêmica, pessoas com que posso contar, desde alunos da graduação até professores universitários de vários polos educacionais. A estes, meu mais sincero obrigado.
No mais, aguardo você na terça-feira para juntos aprendermos um pouco mais sobre essa doença que afeta tantas pessoas ao redor do mundo e, também, sobre esta molécula inovadora, que futuramente, quem sabe, poderá estar na prateleira auxiliando os pacientes que padecem deste mal.
Forte abraço e até lá!
Victor Celso.